sábado, janeiro 06, 2007

Utopia


Quando criança sempre sonhava em ser um jogador de futebol, passei minha infância e boa parte da adolescência nos campos desenhados nas areias da praia de Santos.

Não tinha nada melhor do que reunir os amigos e caminhar até a praia para os verdadeiros clássicos, chegávamos as 14:00hs e diversas vezes saiamos somente quando as luzes dos refletores de iluminação da praia eram desligados.

Durante aquele período, incorporávamos nossos ídolos, Zico, Sócrates, Careca, Muller e vários outros jogadores de menor expressão que naquela época vestiam a camisa do glorioso alvinegro praiano.

A areia da praia se transformava em qualquer estádio, Vila Belmiro, Morumbi, Mineirão ou Maracanã; pares de chinelos, ou duas vigas de madeira formavam as traves do estádio, e os próprios jogadores narravam os incríveis lances.

A mesma fantasia tomava contas das inúmeras partidas de botões, campeonatos disputados entre 10 meninos ou mesmo sozinho. E aquela magia toda só podia convencer um garoto de 12, 13,14 anos que um dia aquilo ali seria sua realidade.

Lembro que um dia antes de realizar uma peneira promovida pelo Santos F. C. na cidade do Guarujá, não consegui sequer dormir, e segurando um terço (que não pegava desde que tinha me formado no catecismo) fiquei esperando o dia raiar.

Acostumado a jogar descalço na areia, foi difícil ficar a vontade dentro de uma chuteira que tinha sido do meu pai, e que alem de estar com o couro todo rachado, ainda me apertava os calcanhares.

Apesar de ter feito um gol, infelizmente não fui selecionado. Após o fracasso na carreira futebolística, e já advogado formado, tive o prazer de visitar o Maracanã, e naquela simples visita, imaginei como teria sido minha carreira ao atravessar o túnel do vestiário ao campo, e já no gramado brinquei com a bola e fiz algumas embaixadinhas, e apesar dos pouco minutos que ali fiquei, hoje o Maracanã pode se orgulhar de ter visto mais um craque por ali passar.
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