sábado, agosto 04, 2007

A Bola da Fortuna

Tem se tornando cada vez mais precoce a saída dos jogadores de futebol brasileiros para o mercado europeu, a profissionalização já ocorre por volta dos 15 anos de idade, sem nem mesmo completar a maioridade, o atleta já tem seu passe hiper valorizado e uma transferência bem rentável ao bolso.

Aludidas transferências tem virado uma rotina, lógico que só chegam a mídia aqueles jogadores que de alguma forma já conseguiram lograr algum êxito nos seus clubes, como o ex-gremista Anderson ou mais recentemente Alexandre Pato ex-inter.

Imagino qual sensação de um garoto que na maioria das vezes viveu em dificuldades financeiras, sem ter dinheiro pra garantir a passagem de ônibus para treinos, muitas vezes vivendo em alojamentos dos clubes se dedicando tão somente ao futebol, e num curtíssimo espaço de tempo tem um contrato assinado, e em princípio começa a receber uma quantia que muitas pessoas que possuem curso superior não ganham.

Com sorte e competência consegue visibilidade, começa o reconhecimento nas ruas, entrevistas, empresários, assédios femininos, convites para publicidades, enfim, todos aqueles eventos promovidos pelo mundo da bola.

Não sei como eu reagiria se tivesse passado por tudo isso, aliás, por mais que eu tente, não consigo nem imaginar a dimensão que deve ser viver nesse mundo, ter meros 17 anos, ser ovacionado ou xingado por estádios lotados, perder a privacidade ao sair na rua, administrar o dinheiro recebido, e principalmente não deixar influenciar-se com as gordas propostas para transferências.

Impossível que toda essa realidade extra campo não interfira no rendimento do atleta, exemplos disso são o de Kaká que antes de ser contratado pelo Milan era habitualmente criticados pela torcida, o de Diego que após conquistar o titulo brasileiro pelo Santos rapidamente fora transferido ao futebol português e só voltou a uma boa fase após nova transferência à Alemanha.

Robinho também teve sua fase de estrelismo ainda enquanto jogava no Santos, recusando-se a participar de jogos, só focado com sua ida ao Real Madrid e ser o mais novo amigo dos Galácticos que ali viviam.

Embora tais exemplos venham se repetindo com freqüência, algo que é completamente compreensível ante as situações aqui relatadas, e mesmo sendo o Brasil o maior produtor de craques no mundo do futebol, é triste imaginar que na terra pentacampeã ainda existam tantos Ronaldinhos passando fome.

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