Bacanal Aéreo

Os constantes atrasos nos vôos dos aeroportos brasileiros têm se transformado numa rotina. Aliás, este problema, juntamente com a violência e corrupção, são matérias obrigatórias nas pautas de todos os noticiários diários. O que diferencia as matérias, são as narrativas obtidas pelos passageiros que são vítimas do descaso aéreo.

Uns estão a passeio, outros estão a trabalho, outros por motivos de saúde, contudo, independentemente do destino a ser seguido, ou a origem da viajem, todos são submetidos ao mesmo tratamento, parecendo na realidade ratos de laboratórios, cujos cientistas ficam analisando as diversas reações sofridas por suas cobaias.

Os responsáveis não sabem explicar os motivos do caos, muito menos qual a solução para o problema, tornando a imputação ora para o órgão que administra os aeroportos, ora para o departamento de aviação, ora para as empresas aéreas, ora para os controladores de vôo.

O curioso, é que antes da tragédia do vôo 1907 da Gol, nada disso acontecia, a rotina dos aeroportos era plenamente normal, lógico que existiam atrasos, mas essa exceção era evitada pelas empresas, e quando aconteciam, automaticamente aqueles passageiros eram acomodados em uma sala VIP, providenciado alimentação, e muitas vezes hospedagem.

Como não poderia ser diferente, a solução para os problemas parece estar longe de um fim, muitos “ratos” ainda serão sacrificados até que se diagnostique o problema, enquanto isso, os “cientistas” continuarão relaxando e gozando das pobres cobaias.

Foi-se o tempo que a maior preocupação dos passageiros era o trânsito encontrado nas cidades para poder chegar no horário certo para o embarque, foi-se tempo que era pesadelo ter sua bagagem extraviada. Nos dias de hoje, o passageiro vive o pesadelo jogado nos saguões e sonha deitado sobre suas bagagens.